‘Não existiu isso aí’: Bolsonaro nega envolvimento com minuta golpista em depoimento ao STF 23063
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Ex-presidente diz que nunca editou documento que previa prisão de autoridades e novo processo eleitoral; declaração contradiz versão de Mauro Cid

Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) na tarde desta terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou qualquer participação na redação ou edição da chamada “minuta do golpe”, documento que previa medidas extremas como a decretação de estado de sítio, prisão de ministros da Corte e a realização de novas eleições.“Não existiu isso aí. Ele [Felipe Martins] não tem competência para isso”, afirmou Bolsonaro ao ministro Alexandre de Moraes, ao ser questionado sobre o suposto envolvimento do ex-assessor especial da Presidência na elaboração da minuta. “Conheço muito bem o Felipe. Não procede nada disso”, acrescentou.
O ex-presidente também tentou minimizar o teor conspiratório das conversas no entorno do Palácio do Planalto no fim de 2022. “A discussão sobre esse assunto foi feita em minutos. Existia uma ideia de estado de sítio. Primeiramente, precisaríamos ter um fato; depois, os conselhos da defesa, coisa que não foi feita”, argumentou. A fala de Bolsonaro, no entanto, contrasta com o depoimento dado na véspera pelo tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens. Em colaboração com a Justiça, Cid afirmou que o então presidente teve o ao documento, leu seu conteúdo e chegou a sugerir alterações, como a exclusão de trechos que mencionavam explicitamente a prisão de ministros — embora Alexandre de Moraes continuasse como alvo da medida proposta.
Segundo Cid, o documento foi discutido em “duas, no máximo três reuniões”, e se dividia em uma parte introdutória com críticas ao STF e ao TSE, e outra com propostas jurídicas de exceção. A minuta foi localizada pela Polícia Federal na residência de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, durante uma operação autorizada pelo STF.Durante o depoimento, Bolsonaro também recuou em sua postura crítica ao sistema eleitoral brasileiro. “Se eu exagerei na retórica, devo ter exagerado com toda certeza”, disse.
Ele ainda reforçou que a defesa do voto impresso era uma bandeira política com o intuito de “evitar qualquer conflito, qualquer suspeição”.O depoimento integra as investigações da ação penal que apura uma tentativa de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder, mesmo após a derrota nas urnas para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A Procuradoria-Geral da República aponta o ex-presidente como líder de uma organização criminosa que teria articulado medidas inconstitucionais com apoio de militares e ex-integrantes do governo.
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